terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Nessa passagem, Freud dá uma boa explicação de onde se enquadra a televisão, antes mesmo de ela ser inventada. Seria uma quarta "medida paliativa" que era então inexistente em 1929, mas que viria se tornar a medida paliativa mais corriqueira e cômoda, ainda no século XX.

O Mal-estar na Civilização (Sigmund Freud)

(...) A vida, tal como a encontramos, é árdua demais para nós; proporciona-nos muitos sofrimentos, decepções e tarefas impossíveis. A fim de suportá-la, não podemos dispensar as medidas paliativas. ‘Não podemos passar sem construções auxiliares’, diz-nos Theodor Fontane. Existem talvez três medidas desse tipo: derivativos poderosos, que nos fazem extrair luz de nossa desgraça; satisfações substitutivas, que a diminuem; e substâncias tóxicas, que nos tornam insensíveis a ela. Algo desse tipo é indispensável. Voltaire tinha os derivativos em mente quando terminou Candide com o conselho para cultivarmos nosso próprio jardim, e a atividade científica constitui também um derivativo dessa espécie. As satisfações substitutivas, tal como as oferecidas pela arte, são ilusões, em contraste com a realidade; nem por isso, contudo, se revelam menos eficazes psiquicamente, graças ao papel que a fantasia assumiu na vida mental. As substâncias tóxicas influenciam nosso corpo e alteram a sua química. Não é simples perceber onde a religião encontra o seu lugar nessa série.(...)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Gestos / Gestures

Há gestos que para quem faz podem ser quase nada, mas para quem recebe podem ser tudo.

There are gestures that for those who perform can mean almost nothing but for those who receive  they can be everything.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Melhores Pessoas / Best People

Há um termo muito frequente e insubstituível: "Melhores Amigos".

No entanto, por muitas vezes conhecemos pessoas fantásticas, com quem sentimos uma abertura ótima para diversos assuntos e que têm uma participação importante em nossas vidas, ainda que efêmera. Resolvi então adotar esse termo Melhores Pessoas para tal denominação.

Melhores Pessoas são pessoas que podem aparecer naquele momento que você tem vontade de conversar com alguém e surge aquela oportunidade. Melhores Pessoas não necessariamente se tornam Melhores Amigos, mas têm uma participação marcante e aparecem em momentos importantes.

É bom lembrar das Melhores Pessoas e é bom sempre estar aberto para esse tipo de contato. Viagens são ótimos lugares para se encontrar Melhores Pessoas. Não é pouco comum que se conclua precipitadamente que uma Melhor Pessoa já é um Melhor Amigo e inclusive se troque telefones e e-mails nessa esperança.

Nas minhas viagens, aprendi que essa ânsia pelos dados de contato muitas vezes acaba não tendo continuidade. Mas isso não é motivo para desânimo, porque apesar de não ter virado um Melhor Amigo, pode-se constatar que se tratava na realidade uma Melhor Pessoa.

There is an usual and irreplaceable term that is: "Best Friends".

However, we may meet fantastic people, with whom we feel comfortable to discuss with several subjects and that have an important participation in our lives, even if for a short period of time. I have decided then to use the term Best People to nominate such people.

Best People are people that can show up when you really want to have a conversation with someone and such opportunity just appears. Best People not necessarily become Best Friends, but are remarkable and appear in very important moments of our lives.

It is good to remember about Best People and it is always good to be available to such type of experience. Travels are wonderful situations to meet Best People. It may happen that we hurriedly conclude that a Best Person is a Best Friend and that on such pursuit we even exchange e-mails and telephones hoping that the person will become a Best Friend.

During my travels, I have learned that we rarely keep in contact for long time then. But this is not a reason for losing the motivation because such person was actually a Best Person.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

10.333km ao volante

Roteiro: Petrópolis - São Miguel das Missões - São Borja - San Pedro de Atacama - Antofagasta - La Serena - Viña del Mar - Los Andes - Mendoza - Uruguaiana - Gaspar - São Paulo - Petrópolis

A Viagem
A viagem começou numa conversa na loja do Marcelinho. Faltava uma semana para a data da partida (26/12/2011) e resolvemos ir juntos. Eu estava sozinho de carro e eles estavam indo em duas motos: Marcelinho e Anita em uma e Pedro em outra. Tínhamos já efetuado uma pesquisa básica na Internet e o roteiro básico foi estabelecido.

Saímos de Petrópolis então logo depois do Natal, numa segunda-feira, e para evitar o trânsito do Rio, seguimos pela BR-040, encontrando com a Dutra (BR-116) em Volta Redonda. Neste dia rodamos até próximo de Curitiba, parando após cerca de 900km de estrada. No dia seguinte fomos até Passo Fundo, já no Rio Grande do Sul, onde ficamos num hotel legal, chamado Aguadeiro. Nosso plano era passar em seguida na região da Missões Jesuíticas. Ficamos então, no próximo dia, em São Miguel das Missões, um lugar cheio de história e onde assistimos à noite ao evento Som e Luz.

No dia seguinte (29/12/2011) entraríamos na Argentina. Aliás, faço aqui um esclarecimento sobre os cuidados que se deve ter para visitar países do Mercosul e Chile:
1) Documento do veículo: se não estiver no nome do condutor, deve ter uma autorização do proprietário. Se seu veículo está financiado através de leasing, no campo "nome" aparece o nome da financeira, de forma que você precisa pedir a ela essa autorização para sair do país com o veículo.
2) Seguro Carta-Verde: é um seguro de responsabilidade e danos obrigatório na Argentina. Pode ser contratado em poucos dias pela internet. Este seguro me foi pedido pelas autoridades argentinas em diversos momentos e é válido no Mercosul. Para mim não ficou claro se vale no Chile.
3) Seguro do veículo: boa parte dos seguros cobre Mercosul, mas o meu não cobria Chile. Consulte a companhia de seguro para saber os números de assistência no exterior e confirmar a cobertura.
4) Itens a verificar: triângulo extra, apesar de não ter sido conferido pelas autoridades, na Internet sempre se fala que se deve ter 2 (dois) triângulos no carro, portanto, trate de comprar mais um antes de viajar; extintor de incêndio na validade; estojo de primeiros socorros, que também não foi pedido, mas acho melhor ter, dado que na Internet se coloca como obrigatório na Argentina; Lençol branco e cambão para reboque pelo que foi pesquisado por mim na Internet não são necessários; Lembre-se que é obrigatório andar com o farol aceso nas estradas.
5) A tática da velocidade acima da permitida na via: ouvi vários relatos de brasileiros (inclusive eu) que foram abordados pelas autoridades argentinas indagando que tinham sido flagrados acima da velocidade da via, mesmo sem haver qualquer prova. No meu caso, eu afirmei que estava tranquilo porque estava respeitando as normas de trânsito argentinas. Seja firme, sem desrespeitar os policiais. Outros turistas me contaram que ofereceram pagar a multa na hora ao policial e teriam resolvido dessa forma... Cabe destacar que, apesar de algumas excessões, no geral as autoridades argentinas foram corteses conosco. Há muitos postos de controle policial e na maioria deles, quando viram que éramos turistas brasileiros, nos faziam sinalização para passar direto.

Já no Chile, os Carabineiros del Chile são policiais bastante sérios e rígidos e há postos de controle de velocidade, principalmente nas áreas urbanas. A sugestão é simples: respeite as normas do país.

Viagem na Argentina
Paramos na primeira noite em Corrientes, que é uma cidade bem grande e onde resolvemos passar 3 dias descansando, dado que o hotel era bom e barato e tínhamos uma boa estrutura na cidade. Depois seguimos atravessando os pampas do norte da Argentina, locais muito quentes no verão (máxima registrada em Pampa Del Infierno de 47oC). São locais bem pobres e podem surpreender quem acha que a Argentina se resume a Buenos Aires, Mendoza e Bariloche. Havia falta de gasolina e chegaram a nos informar que quando chega a acabar pode-se ficar até 2 dias sem abastecimento de gasolina em algumas cidades.
Chegamos na altura da cidade de Salta para começar a subir a Cordilheira dos Andes em direção ao Paso de Jama. Dormimos na cidade de Susques, já na cordilheira, a mais de 3.500m de altitude. A partir dos 3.000m a moto que possuía carburador começou a ter problemas. No Paso de Jama em si atinge-se uma altitude de 4.800m e foi quase impossível passar com a moto com carburador nesse ponto. Deve-se necessariamente efetuar uma regulagem de veículos com carburador para ajustar a mistura ar/combustível que entra no motor. A moto e o carro com injeção eletrônica não tiveram maiores problemas, além de uma pequena perda de potência. Passamos por algumas lagunas de sal muito bonitas e a paisagem muda bastante a partir de Salta.
Passa-se a fronteira sobre a Cordilheira, mas os procedimentos de entrada no Chile são efetuados somente na chegada à cidade de San Pedro de Atacama. Lá as malas são passadas numa esteira de raio-X e eventualmente revistadas. Os documentos do carro e eventuais autorizações do proprietário serão exigidas neste momento. Segundo informado na Internet essa autorização deve ser reconhecida em cartório e consularizada no consulado do Chile no Brasil.

San Pedro de Atacama
Em San Pedro fizemos alguns passeios com agências de turismo do local. Assim pudemos descansar um pouco de dirigir nossos veículos e evitamos ter que descobrir os locais a serem conhecidos, mas é plenamente possível conhecer alguns locais com seu próprio veículo, salvo em alguns locais onde aconselha-se veículos com tração.
O passeio do geisers, o banho na piscina aquecida naturalmente, o Vale de la Luna foram muito legais. A região é completamente desértica e as paisagens fantásticas. Ficamos 3 dias em San Pedro de Atacama.

Pacífico
Descemos a costa chilena, passando por Antofagasta, que é uma cidade grande, mas onde não achamos que valia a pena ficar muito tempo. A estrada nesse ponto passa por regiões desérticas e passamos por um trecho antes da cidade de La Serena de 250km sem posto de combustível. Portanto, é bom consultar na Internet os pontos de abastecimento. Ficamos 3 dias em La Serena, que é uma cidade muito arrumada e agradável. O aconchegante Hostal Casa Tamaya foi um dos destaques.
Depois descemos para Viña del Mar, que é uma cidade praiana bem movimentada, tão movimentada que nem quisemos ficar por lá. Optamos por dormir em Los Andes, já no início da subida da Cordilheira dos Andes, para se efetuar a travessia de volta do Chile para a Argentina.

De volta à Argentina
Depois de Los Andes sobe-se os "caracoles" uma subida bem exposta, com trânsito pesado, mas passando por locais muito bonitos. Chegando-se à Argentina paramos no Vale de Los Horcones, onde se pode fazer uma caminhada de 30 minutos para ser ter uma vista fantástica do Aconcágua. Vale muito a pena. Depois começamos a descer em direção a Uspallata e depois Mendoza. Essa descida foi um dos lugares mais bonitos e surpreendentes onde tive a oportunidade de passar.
Mendoza é uma cidade bem grande e preparada para receber turistas, apesar de estar localizada no meio do deserto e depender de irrigação. A vida noturna é o destaque da cidade. Gostamos tanto que ficamos três dias por lá.
A partir dali tínhamos a previsão de nos separarmos. Eu fiquei mais um dia em Mendoza e depois voltei atravessando a Argentina em direção a Uruguaiana e depois ainda curtindo um pouco de Bento Gonçalves, Gaspar, Blumenau e São Paulo.


Visita aos amigos catarinas
Conhecemos no Atacama o Adilson e o Mário, de Santa Catarina, e na volta passei por lá, onde inclusive tive a oportunidade de conhecer a galera animada do Motoclube Vagamundo e o Moto Clube de Gaspar. Me impressionou o companheirismo desse pessoal de moto que conheci. Fomos juntos à festa dos colonos alemães na cidade mais alemã do Brasil, Pomerode, para tomar algumas cervejas de trigo. Foi muito legal como fechamento da viagem. Depois ainda passei pela Serra de Sorocaba, Indaiatuba e fui domir a última noite em São Paulo para dar um passeio no domingo de manhã no Ibirapuera e almoçar na Liberdade.

Foi uma viagem muito legal, passando por lugares fantásticos e o grande destaque foi a companhia de pessoas especiais que fizeram da viagem algo ainda mais agradável.


São Miguel das Missões - RS



 Santo Ângelo - RS

Atravessando o Pampa Argentino (máxima registrada de 40 graus celsius)

Subindo a Cordilheira, perto de Susques (mínima registrada de 6 graus celsius)


Atravessando a Cordilheira

Nos Geisers, em San Pedro de Atacama

San Pedro de Atacama





Antofagasta, Pacífico, Chile


Pelicano em Antofagasta


A Mão do Deserto, ao sul de Antofagasta, Chile

La Serena, Chile

Vista do Aconcágua, Vale de Los Horcones, Argentina